terça-feira, 23 de julho de 2013

O que é BULLYING? Será que é isso mesmo?

Inúmeras vezes contemplei pessoas dizendo - crianças principalmente - que foram/são alvo de Bullying. No entanto, devido toda repercussão que esse tema obteve na mídia alguns anos e talvez não tenha sido literalmente explicado, muitos confundem um ato de brincadeira com Bullying.
Eu posso afirmar isto, pois sou Pedagoga e várias vezes crianças estavam sendo motivo de chacota por algo e diziam: "Tia, fulano tá rindo de mim. Isso é Bullying”.
Aí eu perguntava: Todos os dias ele faz isso com você?
A criança respondia: Não!
Eu indagava: E você, como se sente quando ele ri? Fica triste?
Ela respondia: Não, eu nem ligo.
E por fim eu afirmava. Então isso não é Bullying!
Percebemos que qualquer ação de falar mal ou colocar apelido em alguém já é Bullying. Há pequenas distorções no significado desta terminologia. Só pode ser considerado Bullying quando a agressão, seja ela verbal ou física, deixa a vítima (receptora das agressões) constrangida, incomodada. E quando o agressor, aquele que pratica a violência, se diverte. Para ser considerado Bullying é necessário também que as agressões sejam repetitivas, aconteça diariamente.
Ana Beatriz Silva, em seu livro Mentes perigosas na escola, Bullying. Designa desta maneira.
Bully: indivíduo valentão, tirano, mandão, brigão. Já a expressão bullying corresponde a um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de caráter intencional e repetitivo, praticado por um bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontra, impossibilitadas de se defender.
Dicionário da Língua Portuguesa indica a palavra buli como:
Equivalente a mexer com, tocar, causa incômodo ou apoquentar, produzir apreensão em, fazer caçoada, zombar e falar sobre, entre outros.
Na maior parte dos casos, as agressões são realizadas na ausência de adultos e por sentirem-se completamente ameaçadas, as vítimas não recorrem a ninguém. O que pode contribuir para multiplicação dos atos de Bullying, como também para que a vítima se reprima e no futuro possa tornar-se uma pessoa inibida.

Considerando-se que a maioria dos atos de bullying ocorre fora da visão dos adultos, que grande parte das vítimas não reage ou fala sobre a agressão sofrida, pode-se entender por que professores e pais têm pouca percepção do bullying, subestimam a sua prevalência e atuam de forma insuficiente para a redução e interrupção dessas situações (NETO, 2005, p. 166).

O ideal seria que esse fenômeno fosse banido das instituições escolares, através do olhar múltiplo dos professores, da equipe escolar e com auxílio dos pais. Porém, é bem sabido que não depende apenas deles, mas da coragem da vítima em desvendar os acontecimentos. Igualmente esperado, não é certeza que isto venha acontecer.
No entanto, compreender inteiramente o significado do termo Bullying já é um grande passo. Comparar as agressões seria como eliminar as suspeitas de uma gripe H1N1 quando os sintomas do adoentado são apenas de uma simples gripo ou até mesmo de um resfriado.
Exemplo de Bullying:
A menina usava óculo e era nariguda. Além disso, era também muito tímida.
Todos os dias quando chegava à escola, sentava-se em uma das ultimas fileiras da sala de aula.
Quando sua professora saia para resolver alguma coisa, a menina via um colega de sua classe juntamente com outros amigos dele olhando-a e rindo. Muitas destas vezes o ouvia chamando-a de pica-pau e de quatro olho.
Ela não contava isto para ninguém, mas sentia-se muito triste. Por ser inibida, não conseguia fazer muitos amigos e sempre achava que por não ter alto padrão de beleza, jamais conquistaria coisas boas na vida.
Os anos foram passando e sempre que via alguém olhando para ela e rindo (com ar de deboche), pensava que era dela e lembrava-se dos colegas de escola zombando.
Mas a menina cresceu, tornou-se adulta e compreendeu que a beleza não está no exterior e sim no interior das pessoas; em sua simplicidade, amor e respeito ao próximo.

A menina citada no texto superou as humilhações. Mas não é garantido êxito em todos os casos. Muitos se tornam escravos da desmotivação. Por isso, se você perceber que alguém esta praticando ou sendo alvo de bullying combata-o. Dê sua parcela na construção dos valores de nossa sociedade!






 





segunda-feira, 15 de julho de 2013

Vivência com médicos frente a proposta do Ato Médico



Nasci com cardiopatia e faço acompanhamento cardiológico desde a infância. A princípio, no hospital da PUC em Campinas/SP. E por ser um caso que necessitava de cirurgia, aos oito anos de idade fui encaminhada ao InCor. As duas cirurgias em que passei foram realizadas neste e nunca fui desrespeitada por um médico em nenhum hospital.
Eu fico pensando, onde se encontram os médicos desumanos que o ministro da saúde (Alexandre Padilha) disse haver? Defendendo a proposta dos estudantes de medicina trabalhar obrigatoriamente dois anos a mais para o SUS. E afirmando assim, que estes se tornarão mais humanos.
Como eu já relatei, fiz duas cirurgias cardíacas. Na segunda, eu fiquei 59 dias internada e fui muito bem atendida pelos médicos do InCor. A maioria dos que acompanhavam meu caso eram residentes. Ou seja, recém-formados e muito bem preparados. Um deles, Dr. Gilson Filho, hoje é um grande mestre na faculdade de medicina na Bahia. Através de várias postagens no facebook dele, percebo a admiração e respeito que os alunos têm por ele. E sem sombra de dúvida, a formação que recebeu foi excelente, é um profissional e pessoa exemplar.
O meu caso era extremamente grave, eu tinha um aneurisma de aorta ascendente de 6,5 cm. Os médicos alertavam que a cirurgia era de grande risco. Conversavam bastante com minha mãe e parentes, para explicar quão delicado era o caso. E falavam que a cirurgia que eu iria fazer, na qual seria colocada uma prótese mecânica em minha aorta, era comum em pessoas mais velhas - na época, eu tinha 16 anos de idade. Explicavam também, que eu iria tomar um anticoagulante para o resto da vida e que estaria em acompanhamento continuamente.
Nunca me esqueço da paciência do Dr. Gilson (que acompanhava mais de perto o meu caso). Ele é quem tolerava minhas reclamações pelas várias perguntas dos médicos; por estar internada e por não poder fazer nada fora do andar que estava. E certa tarde em que eu e Daniela (uma colega que tive nesse período) ficamos na recepção do 5º andar conversando com ele, enchendo a paciência dele? Quanta generosidade em nos ouvir! (risos)... Eu dizia na época, que iria fazer medicina e queria ser como ele, um médico super atencioso!
Estudaram muito o meu caso, é tanto que eu fiquei 16 dias internada para a cirurgia poder ser realizada. Os médicos procuraram um cirurgião bem especialista nesse tipo de cirurgia. O que a realizou, Dr. Sérgio Almeida, estava viajando e a equipe que me acompanhava decidiu esperar ele retornar. Diziam que era melhor aguardar e fazer uma coisa bem feita, para evitar ou adiar o máximo possível, outra cirurgia mais pra frente.
Lembro-me como se fosse hoje, que a equipe de cirurgiões foi no quarto em que eu estava um dia antes conversar comigo e com minha mãe e o Dr. Sérgio disse: Vai dar tudo certo, ta bom? Será um sucesso como foi a primeira!
A minha mãe me falou depois, que no “grande dia” de vez em quando ia alguém da equipe dizer a ela como tudo estava ocorrendo. Quando o procedimento foi encerrado, o cirurgião foi todo contente dizer que havia acabado a cirurgia e que no dia seguinte eu poderia receber visitas. Entrei no centro cirúrgico às 11h e totalizou-se 13 horas de cirurgia. No período em que fiquei na REC I eu recebi visita da equipe de cirurgiões duas vezes, eles foram saber como eu estava me sentindo. A minha mãe também disse que quando ia me ver na REC e encontrava o Dr. Cristiano - que na época também era um dos residentes da equipe que me acompanhava - pelos corredores, ele perguntava como eu estava. Quatro dias depois eu fui para a REC II, fiquei lá um dia e quem foi me dar a noticia que no seguinte eu retornaria para o quarto no 5ºandar, foi ele. Pois o Dr. Gilson já estava trabalhando em outro andar
A Dra. Nana, que era a médica responsável pelos pacientes congênitos do 5º andar, teve forte influência em meu quadro clínico, eu soube que ela foi assistir à minha cirurgia. E lembro-me que qualquer coisa que me acontecia ela vinha conversar comigo, procurou resolver todos os problemas e evitava de todas as maneiras possíveis, me ver nervosa ou com receio de algo.
Um dia antes de receber alta, minha mãe encontrou o Dr. Gilson no corredor do hospital, disse que eu iria sair e ele foi despedir-se de mim. Há coisas que nunca nos esquecemos!... A cada um deles, devo toda a minha gratidão e respeito!
Quantas vezes depois de minha alta não encontrei alguns deles nos corredores e calçada do InCor e paravam pra conversar, saber como eu estava? Era extremamente perceptível a felicidade deles ao ver-me bem.
No mês de Março deste ano completou dez anos a cirurgia e quero parabenizar a todos esses médicos por vossa dedicação e pela união que vocês têm, é a maior prova de humanidade que podem demonstrar à nossa sociedade.
Não tenho queixa alguma contra os médicos que trataram e ainda tratam de mim!
Na última consulta de rotina que eu fui, em Abril/13, a Dra. Ximena que me consultou, também foi muito prestativa. Muito feliz, disse que tinha uma notícia boa pra dar a mim e falou que de acordo com a ultima tomografia que eu havia feito, a minha aorta estava bonitinha, do tamanho ideal. A gente percebe nitidamente, a alegria dos médicos em poder dar uma boa notícia a um paciente e que a evolução significa muito para eles.
Não acredito que os estudantes de Medicina necessitam de uma formação melhor. Se eles não querem trabalhar no SUS e no PSF, é porque as condições de trabalho ofertadas a eles não são suficientemente boas e não vai ser obrigando-os a estarem lá, que teremos melhores profissionais. Como prever que jovens que nem entraram na Faculdade de Medicina serão desumanos? Se nem os de hoje o são. Defendo profissionais dessa área não apenas pelo que vejo, mas pelo que vivi e recebi deles!